Muito antes de existir The Walking dead ou Resident Evil e
tantas outras ferramentas midiáticas que exploram o mercado de zumbis, o
conceito de mortos-vivos como eram chamados antigamente, já era disseminado no
mundo, e não, eu não vou falar do cult ‘a noite dos mortos vivos’ de George
Romero nos anos 60, mas sim de uma clássica obra do terror / humor dos anos 80
que deixou saudades: a noite dos mortos vivos, pequeno clássico do gênero que carrega
uma legião de fãs pelo mundo sem fazer o estardalhaço das obras de Romero.
A primeira recordação que eu tenho deste belo filme, era um
VHS da globo filmes com a caixa velha e empoeirada na locadora, acredito que eu
era o único que alugava aquela fita, e quando não alugava sempre colocava a
caixa em um lugar de destaque na sessão dos filmes de terror, não à toa anos
depois de anos consegui comprar essa fita do dono da locadora, porem com o
tempo acabou embolorando, sendo posteriormente substituída por um DVD que eu
com muita sorte comprei pela internet.
Voltando ao conceito do filme, na verdade a volta dos mortos
vivos teve a intenção de trazer uma nova roupagem para o na época cansativo gênero
dos filmes de zumbis nos anos 80, a ideia do longa foi explorar ao máximo as características
que esquentavam na metade da década, a onda punk, vestimentas da época, paredes
pixadas, rebeldia jovem e muito rock and roll.
A criativa história acompanha dois funcionários de um armazém
de abastecimento para testes clínicos, onde o supervisor do local Frank (James
Karen) na tentativa de impressionar o novato Freddy (Thom Mathews) mostra
tambores de experimentos militares que acidentalmente foram parar no porão do
local, porem um deslize acaba abrindo o gás toxico contido ali e os fatos dão
inicio aos acontecimentos do longa.
Logo aquele gás toxico traria de volta a vida diversos
experimentos do local como uma metade de um cachorro, borboletas, e até um
corpo que permanecia refrigerado no local, em uma cena canastra onde os
envolvidos tentam dar fim aquele humanoide.
Em contrapartida fora dali, um grupo de amigos aguarda a saída
de Freddy do trabalho e para passar o tempo resolvem invadir um cemitério.
É impossível bater o olho nos personagens e não associar
diretamente cada um ali a grupos musicais que estouravam na época como The
cure, Joy division, Alice cooper, Madona e tantos outros figurões da década de
80, realmente caricato.
Após despedaçar o humanoide em pedacinhos e perceber que as
partes ainda se mexiam, Frank e Freddy junto do dono do armazém Burt (Clu Gulager)
procuram Ernie (Don Calfa), responsável pelo necrotério local para botarem fogo
no corpo desmembrado do humanoide e assim por fim aquele grande e novo
problema, porem a ideia acaba sendo desastrosa, e a fumaça gerada pela queima
do corpo, acaba causando uma chuva acida que espalhada pelo cemitério acaba por
levantar todos os mortos de suas tumbas, e o resultado é pânico, mortes e
carnificina por todos os lados, sobrando para o grupo de jovens punks tentar a sobrevivência,
aliado a isso Ernie e Burt tem de lidar com a questão de Frank e Freddy estarem
virando zumbis devido a fumaça inalada no inicio da história.
Além do divertidíssimo roteiro, a noite dos mortos vivos foi
o responsável por popularizar a temática dos zumbis comerem cérebro ao invés de
apenas carne humana, o morto-vivo popularmente chamado de ‘tarman’ que sai de
dentro do tanque militar e fica preso no armazém é até hoje lembrado como uma
figura extremamente aterrorizante e ao mesmo tempo engraçada aos gritos de braaiiinsss
(traduzindo: ceeeeleeebrooo), inclusive o personagem é costumeiramente lembrado
na serie, inclusive na ultima fraca sequencia de a volta dos mortos vivos em
2005.
Outro grande destaque no longa é a garota punk Trash (Linea Quigley) que em uma cena no cemitério dizia que sonhava ser devorada por zumbis, e ironicamente é morta desta forma, tornando-se um letal zumbi de grande destaque até as ultimas cenas do filme
Os efeitos especiais produzidos na época também impressionam,
obviamente que qualquer idiota que comparar o filme com qualquer porcaria
produzida atualmente vai notar grandes limitações, porem para a época o filme
foi tremendamente bem produzido, um dos grandes responsáveis é Alan Trautman,
habitual parceiro de Jin Henson em Muppets, aqui criou conceitos bem interessantes
com bonecos de mortos vivos.
A volta dos mortos vivos permanece com inabalável status de clássico
do horror oitentista pelo mundo afora e já recebeu diferentes edições especiais
com pequenas mudanças na trilha sonora e em trechos específicos, o ultimo
lançamento oficial ocorreu nos EUA em 2010 numa luxuosa edição em blue ray disc,
porem você brasileiro vai ficar na saudade, porque a MGM sequer teve a decência
de replicar o lançamento aqui, o máximo que você vai encontrar é uma versão em
DVD lançada há alguns anos, que faz o desfavor de não legendar os extras, ou
seja: se você não entender inglês é melhor se conformar em assistir o filme e
só.
Observação pertinente: a volta dos mortos vivos ganhou diversas
sequencias ao longo dos anos, porem eu não destacaria nada de especial, trata-se
de historias bestas e que na maioria se perdem do filme original com apenas
vagas referências, muito me surpreende que nessa onda de remakes ninguém tenha
inventado de refilmar este belíssimo filme, ainda mais em uma época onde
qualquer porcaria que envolva zumbis faz relativo sucesso.
A volta dos mortos vivos
Diretor: Dan O'Bannon
Elenco: Clu Gulager, James Karen, Don Calfa, Thom Mathews, Beverly Randolph, John Philbin, Jewel Shepard, Miguel Nunes.
Produção: John Daly, Tom Fox, Derek Gibson
Roteiro: Dan O'Bannon, John A. Russo, Russ Streiner
Fotografia: Jules Brenner
Trilha Sonora: Matt Clifford, Barry Goldberg
Duração: 91 min.
Ano: 1985
País: EUA
Gênero: Terror
Cor: Colorido
Distribuidora: Não definida
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