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terça-feira, 1 de abril de 2014

SEXTA-FEIRA 13 PARTE 5: UM NOVO COMEÇO (1985)

A FRUSTRADA TENTATIVA DE REINICIO DA SERIE, TORNOU-SE UM FILME PARA SER ESQUECIDO!  

Depois de quatro filmes muito bem sucedidos no quesito bilheteria e público, e um desfecho que se não foi de encher os olhos deu um fim digno a franquia, a serie sexta-feira 13 estava terminada como sugeria o titulo e o desfecho do ultimo filme, porem o dinheiro falou mais alto.
Depois de a Paramount produzir três sequencias em quatro anos e em todos os casos faturar praticamente 20 vezes o valor gasto com o filme, o estúdio não aceitou aposentar a sua galinhas dos ovos de ouro nos anos 80, afinal o custo beneficio em lançar um sexta-feira 13 era enorme, além de tratar-se de um filme com enorme facilidade em escrever um roteiro, demandando pouquíssimo tempo para ser filmado e editado além de já ter um formado um público cativo nos últimos anos, os dois últimos filmes da serie haviam promovido o assassino da mascara de hockey Jason Voorhees como grande ícone dos filmes de terror nos anos 80. Ciente de tudo isso, na primeira semana de lançamento de sexta feira 13  – capitulo final com a bilheteria faturando alto como de costume,  o na época “homem forte” da Paramount Frank Mancuso Sênior comunicou o seu filho e produtor dos dois últimos filmes da franquia que providencia-se imediatamente uma nova sequencia de sexta-feira 13 para ser lançada em um prazo inferior a 12 meses além de desta vez utilizar um orçamento menor do que os 1,8 milhões gastos no ultimo filme. 
Então aliamos os seguintes fatores: uma sequencia que não estava planejada pelos envolvidos na serie, um orçamento menor do que o utilizado no ultimo filme, e um prazo menor do que 1 ano para idealizar um roteiro, filmar, produzir, editar e finalmente lançar o filme nos cinemas, é obvio que poderíamos esperar merda pela frente.
Sexta-feira parte 5: um novo começo, como sugere o titulo é uma tentativa de reinventar a serie sexta-feira 13, dirigido por Danny Steinmann que iniciou sua carreira dirigindo um filme pornográfico, e posteriormente teve algum destaque dirigindo o Thriller Ruas Violentas (com a eterna “exorcizada” Linda Blair) assumiu a direção, o roteiro feito às pressas foi escrito a três mãos: o diretor recém-contratado Danny Steinmann, David Cohen e Martin Kitrosser, roteirista da parte 3 chamado às pressas para finalizar este trabalho (Kitrosser que havia feito um bom trabalho no roteiro de SF13 parte 3 aqui suja totalmente sua imagem com este filme desprezível), Frank Mancuso Jr desta vez participaria do filme apenas como produtor executivo (provavelmente já prevendo a bomba que estava por vir).
O filme inicia com o garoto Tommy Jarvis (interpretado por Corey Feldman que fazia uma ponta aproveitando uma folga nas filmagens de “Os goonies”) em uma noite chuvosa procurando pelo tumulo de Jason Voorhees, ao encontrar o tumulo o garoto houve vozes e se esconde entre alguns arbustos, eram dois jovens que por algum daqueles motivos idiotas que só os produtores de um filme de terror deste nível acham, tinham a brilhante ideia de desenterrar o tumulo e abrir o caixão apenas para olharem o defunto, é claro que não demoraria para acontecer o obvio: Jason (que em outra situação absurda estava enterrado com a mascara de hockey e por mais incrível que pareça um facão nas mãos) aniquila os jovens e vai na exata direção de Tommy, quando o assassino esta prestes a matar o garoto, Tommy (agora interpretado pelo ator John Shepherd) acorda em um furgão de uma clinica de psiquiatria, em seguida temos os créditos inicias do filme seguindo rigorosamente os padrões da franquia até aqui.
Tommy chega a tal clínica chamada Pinehurst que “teoricamente” fica nos arredores de Crystal Lake, de cara percebemos que o jovem sofre de graves traumas devido ao embate com Jason em sexta-feira 13 – capitulo final, de cara é recebido por Pam (Melanie Kinnaman), espécie de assistente social do local que logo apresenta o rapaz para o diretor da unidade Mat (Richard Young) e os outros integrantes da clinica, de cara Tommy tem contato com o garoto Reggie (Shavar Ross), neto de um dos cuidadores da clinica, na surtada cena seguinte Joey (Dominick Brascia) um dos doentes da clínica acaba irritando o perturbado Vic (Mark Venturini) que cortava lenha e sem motivo aparente despedaça o gordinho perturbado com o machado, quando a ambulância vem buscar os pedaços da vitima nota-se claramente que o paramédico Roy Burns (Dick Wieand) fica extremamente chocado com o fato que acabará de ocorrer, a câmera faz questão de focar a reação do personagem diversas vezes.
A partir da cena seguinte o carro de dois punks dá problema na estrada, é a deixa para que ambos sejam as primeiras vitimas do assassino, e dai em diante a direção de Danny Steinmann faz um “feijão com arroz sem tempero” da franquia, qualquer personagem secundário que aparece é uma potencial vitima, e certamente os clichês dos filmes anteriores são utilizados como nunca nesta edição: usar drogas é claro sinal que vai morrer dentro de pouco tempo, fazer sexo ou tentar idem, olhou alguém fazendo sexo também morre! até o simples fato de ir ao banheiro fazer um numero 2 neste filme significa: morte.
Quando o filme chega próximo a 1 hora de projeção acontece o obvio: Pam chega na clinica junto do garoto Reggie e ambos deparam-se com todos os jovens da clinica mortos amontoados no quarto de Tommy que neste ponto do filme fugira após uma briga com um caipira local (o sumiço de Tommy foi feito propositalmente no roteiro para que o público imagine que o assassino em questão possa ser Tommy disfarçado), logo Jason ou alguém com a mesma mascara e características físicas estouraria a porta com um facão na mão e iniciaria-se a já famigerada cena da garota desta vez com o moleque correndo feito loucos pela floresta a noite com uma baita chuva, é obvio que pelo caminho encontrariam os corpos das vitimas locais espalhados, ainda daria tempo para mais um clichê da serie: Jason, ou seja, quem for atirar um corpo pela janela.
Atenção: esta parte do texto contem spoilers, informações importantes da trama serão reveladas.
Após Pam e Reggie conseguirem se refugiar em um celeiro semelhante ao do desfecho de SF13 parte 3, Tommy ressurge em um embate do personagem com Jason, após Jason ferir Tommy e Pam tentar acertar o assassino com uma moto-serra o desfecho do embate ocorreria no andar superior do celeiro com o assassino caindo do terraço do celeiro sendo empalado por varias lanças que estavam estrategicamente na entrada do local, nesta cena podemos observar que o assassino em questão não trata-se de Jason, mas sim alguém se passando pelo maníaco de Cristal Lake.
Na antepenúltima cena o xerife da cidade explica a Pam que Roy era pai do jovem Joey que habitava a clínica e havia sido assassinado, e que “provavelmente” ao ver o filho esquartejado, surtou passando a matar em serie, destaque para dois comentários inúteis do xerife para Pam:
- Não sei como ele conseguiu esconder isso todos esses anos, mas ele fez (sobre Roy ser o pai de Joey).
- Eu acho que ele usou esta história do Jason para encobrir os crimes.
Na ridícula sequencia final vemos Tommy atravessando o facão em Pam em mais um pesadelo do jovem, na sequencia Tommy tem outra visão de Jason o encarando, o jovem resignado levanta da cama e retira da gaveta a mascara de hockey, na sequencia Pam entra no quarto para visitar Tommy e se surpreende com a janela quebrada, na cena final vemos Tommy, já trajado com á mascara e prestes a apunhalar as costas de Pam com uma faca, em uma clara tentativa de promover Tommy Jarvis a novo “Jason” para os próximos filmes.
Bilheteria e recepção do publico
Sexta-feira 13 parte 5: um novo começo estreou nos cinemas americanos em 22 de Março de 1985 tendo conseguido uma ótima arrecadação comparada ao seu custo final, porem muito abaixo dos resultados alcançados pelos filmes anteriores da serie tendo conquistado até aqui a infame marca de ser o filme que teve a menor bilheteria da serie e a pior avaliação do público, mostras de que a fórmula já dava sinais de desgaste, o que também obrigou os produtores a fazerem mudanças significativas nos filmes que se seguiram.
Trilha sonora
Sexta-feira 13 parte 5: um novo começo foi uma produção extremamente preguiçosa em quase todos os aspectos, mas diferente do ultimo filme da serie, aqui o habitual colaborador da franquia Harry Manfredini fez um trabalho diferenciado na trilha sonora compondo diversos novos temas que seriam reaproveitados e retrabalhados para os próximos filmes. 
Escondendo o assassino
O clima de mistério criado pela produção deste filme chega a irritar, praticamente todas as mortes que ocorrem ao longo do filme são em off-screen e a produção sequer teve a decência de mostrar o assassino mascarado ao longo do filme, já que em todas as mortes vemos apenas o close dos pés do assassino se aproximando e as mãos do mesmo fazendo o serviço, por mais que o assassino não fosse Jason, o mesmo se apresentava como tal, portanto não haveriam problemas em dar o close do assassino nas mortes, afinal todos que assistem a este filme esperavam ver Jason, ou pelo menos um assassino com a mascara de Hockey.
Falta de criatividade nas mortes e efeitos especiais.
Além das mortes deste filme não trazerem nada de novo a serie apenas copiando toscamente o que já vimos em filmes anteriores, o maquiador de efeitos especiais Martin Becker que já trabalhava na equipe de efeitos especiais desde SF13 parte 3 parece não ter aprendido nada com Tom Savini no ultimo filme, o que vemos são mortes repetitivas como facões e machados atravessando a vitima, corte de garganta e etc. o primeiro assassinato do maníaco com o sinalizador na boca foi uma ideia original, mas muito mal feita na prática, assim como a garota que tem os olhos arrancados com uma tesoura de jardinagem, a desculpa dada pelo diretor Danny Steinmann anos depois foi que seu filme sofreu muitos cortes nas cenas de morte, o que acabou ocultando boa parte do trabalho de maquiagem e efeitos especiais, mas faço questão de lembrar que com exceção do primeiro filme da serie, todas as sequencias também sofreram com a censura e nem por isso ficaram com sequencias de morte tão mal produzidas.
Conclusão:
Sexta feira 13 parte 5: um novo começo é o claro resultado de uma produção caça níquel, ou seja: um filme feito às pressas cujo os idealizadores (e ai ponho na conta do estúdio, diretor, produtores roteiristas e etc.) miraram apenas ganhar dinheiro facilmente através de um orçamento baixíssimo com um roteiro escrito por pessoas que não tiveram qualquer cuidado com a mitologia da serie, um diretor descompromissado, um elenco fraquíssimo e principalmente uma produção que não primou em momento nenhum pela qualidade do material que seria oferecido ao público, tais fatos citados podem ser comprovados em diversos pontos do filme: situações sem pé nem cabeça, personagens sem qualquer carisma aliados a diálogos medíocres, mortes simplórias e as forçadas cenas de drogas e nudez feminina que neste filme soam como atos gratuitos e sem sentido até ao publico menos exigente.

Todos esses revezes juntos fazem o filme parecer uma xerox apagada do que já foi feito em ótimos filmes da serie como as partes 2 e 3, ainda assim depois de tantas falhas em sequencia o filme conseguiria chutar o balde de vez em seu ultimo ato, tentando impor ao publico a continuidade da serie elevando um personagem que de vitima de Jason seria promovido a grande vilão e herdeiro do reinado maligno de do assassino de Crystal Lake, proposta que obviamente sofreu grande rejeição do público que queria mesmo era ver o velho e bom Jason em ação, ao menos isso foi corrigido no filme seguinte, ironicamente para este filme que carrega o subtítulo de “um novo começo” restou apenas ser taxado até hoje como um dos piores filmes da franquia sexta-feira 13, sendo até mesmo excluído da serie por muitos fãs e simpatizantes, já que o assassino aqui não passa de um reles impostor de Jason Voorhees.




Sexta-feira 13 parte 5: um novo começo
Titulo original: friday the 13th part 5: a new beginning
Direção: Danny Steinmann
Roteiro: Danny Steinmann, David Cohen, Martin Kitrosser
Elenco: Anthony Barrile, Bob DeSimone, Carol Locatell, Caskey Swaim, Chuck Wells, Corey Feldman, Corey Parker, Curtis Conaway, Debi Sue Voorhees, Dick Wieand, Dominick Brascia, Eddie Matthews, Jere Fields, Jerry Pavlon, John Robert Dixon, John Shepherd, Juliette Cummins, Marco St. John, Mark Venturini, Melanie Kinnaman, Miguel A. Núñez Jr., Rebecca Wood, Ric Mancini, Richard Lineback, Richard Young, Ron Sloan, Shavar Ross, Sonny Shields, Suzanne Bateman, Tiffany Helm, Todd Bryant, Vernon Washington
Midias disponíveis no Brasil: DVD e Netflix