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quinta-feira, 31 de março de 2011

CANNIBAL HOLOCAUST (1980)

Nunca fui um fã de filmes sobre canibais, a grande maioria contem um roteiro fraquíssimo e atuações fajutas, o tema por si só já é batido ao pé de sua letra e as gerações atuais bem provavelmente nem viram nada do tipo já que há decadas o tema não engrena nada de interessante, porem um dos grandes clássicos do horror de todos os tempos bebe desta fonte, trata-se do pesado cannibal holocaust, titulo que jamais fora lançado no Brasil e tem uma legião de seguidores ao redor do mundo.
Cannibal Holocaust narra a jornada do professor Harold Monroe (Robert Kerman) que ruma para um distante condado em plena selva amazonica obcecado em descobrir o paradeiro de quatro jovens documentaristas que um ano antes seguiram para o mesmo destino e não mais retornaram.





Durante a jornada o professor embrenha-se na perigosa selva junto de um caçador e um guia nativo conhecendo a bizarra cultura indígena e até interagindo com as tribos locais, após achar alguns objetos dos jovens em meio aos índios Monroe finalmente depara-se com o que era quase obvio, a ossada dos documentaristas e o rolo de fita das filmagens intacto, este tornaria-se o enredo do filme onde o professor Harold retorna a Nova York e trabalharia em cima do conteúdo resgatando as ultimas horas da equipe de documentaristas assassinada pelos índios, porem quanto mais Harold avança nos vídeos mais se da conta dos terríveis feitos cometidos pela jovem equipe em terras indígenas praticamente sentenciando suas prematuras mortes.
Sem jamais poupar no chocante e quase que forçando cenas de morte de animais combinado a ritos dos indígenas e violência desmasiada, o diretor Rugero Deodato criou uma das obras mais violentas se não a mais violenta do cinema, porem o que mais agrada em Cannibal Holocaust é a originalidade do roteiro onde jamais vemos serial killers ou monstros assassinos, é apenas a realidade violentada pela realidade, o tom documentarista imposto por Deodato torna tudo mais sinistro e arrebatador ainda, exemplo crasso foi o diretor chegar a ser preso dias após a estréia do filme acusado de colaborar com a morte real dos atores, pra piorar Deodato obrigou todo o elenco a assinar um contrato de sigilo onde todos deveriam ficar fora da mídia pelo próximo ano, foi preciso chamar todo mundo as pressas para provar o contrario.
Enfim, Cannibal Holocaust é o tipo de obra que é preciso ver pra crer, obviamente que não agradara a todo mundo, até mesmo quem gosta de filmes de horror deve criticar o longa devido as mortes de animais reais e etc., porem não pode-se negar que o filme de Deodato é de uma originalidade surreal alem da maquiagem ter sido primorasamente feita e as atuações convincentissimas do quarteto de jovens documentaristas, podemos considerar Cannibal Holocaust como grande pai de recentes sucessos como a bruxa de Blair e quem sabe avô do bem sucedido horror espanhol 'rec'.


Cannibal Holocaust

Cannibal Holocaust, Itália, 1979, 95 minutos
Direção: Ruggero Deodato
Roteiro: Gianfranco Clerici
Elenco: Robert Kerman (professor Harold Monroe), Francesca Ciardi (Faye Daniels), Perry Pirkanen (Jack Anders), Luca Barbareschi (Mark Tommaso) e Gabriel Yorke (Alan Yates)


A MALDIÇÃO DE CARRIE (1999)

Uma das mais conhecidas obviedades no cinema é a premissa básica de reaproveitar tudo aquilo que deu certo, afinal se o filme foi um sucesso de critica e publico ou pelo menos só de publico vale a pena apostar na mesma formula novamente não é?, pensando exatamente nisso que os produtores da united artists demonstrando claramente um surto de idéias originais resolveram desenterrar das profundezas do estúdio um dos grandes sucessos da produtora e do cinema há exatos 23 anos anteriores, e em 1999 estreava nos cinemas norte americanos e no mundo a maldição de carrie, seqüência do sucesso carrie a estranha dirigido por Brian de Palma e eternamente reverenciado pelos fans do cinema de horror.
O fato dos gênios da united artists abraçarem uma seqüência de um filme ainda que sucesso absoluto mas há 23 anos atrás já é bem absurdo levando em consideração que o publico alvo que reverenciou o longa original não são os adolescentes que engordam as bilheterias de hoje (1999 neste caso) e que talvez muitos destes adolescentes nem sequer saibam do que se trata o filme original.
Há também o fato de que uma seqüência de carrie a estranha já soaria bastante bizarro levando em consideração o desfecho dos acontecimentos no filme original, então pensaríamos: voltaria Carrie das profundezas do inferno como sugeriu a difamada seqüência final do longa de 1977 ?, eu e a maioria das pessoas sensatas devemos pensar que não, afinal a pobre carrie não teria qualquer motivo de ir para o inferno analisando os fatos, ainda que tenha matado 79 vitimas pelas contas revistas em dada altura deste longa.
Bem, o fato curioso e animador é que apesar dos diversos empecilhos especificados aqui a seqüência de Carrie a estranha é realmente um bom filme que respeita a mitologia do longa original, o roteiro escrito por Rafael moreu (que já havia escrito o eficiente hackers - piratas de computador em 1995) consegue resgatar a mitologia dos acontecimentos do filme original de forma bastante inovadora e o mais importante para o estúdio: dar uma roupagem completamente atual para a historia que certamente agrada a platéia atual e convence quem já assistiu ao filme original de 1977.

Apesar de levar consigo o titulo original de a fúria - carrie 2 (the fury – carrie 2), como poderíamos esperar de uma seqüência descente, nada vemos de carrie por aqui pois a mesma esta morta e muito bem enterrada aos exatos 23 anos passados, porem logo no inicio somos apresentados a Rachell ou melhor: a sua mãe que inicia o longa demonstrando claramente um fanatismo semelhante ao da atriz Piper laurie que viveu a mãe da Carrie no longa original em 1977, já a pequena Rachell logo se mostra apresentando problemas semelhantes ao de Carrie White, os fatos que se passam logo confirmam que a pequena garota apresenta algum parentesco com a falecida e rapidamente o filme trata de partir para os dias atuais, a vida afetiva de Rachel, como era a de Carrie, é um desastre. Sua mãe está em internada em uma clínica para doentes mentais, a família que restou a trata como um cachorro, e ela é ridicularizada na escola por seus modos estranhos. Sua única amiga é Lisa (Mena Suvari), que comete suicídio saltando do telhado da escola ao ser abandonada pelo jogador de futebol que a desvirginou, este fato começa a abrir diversos paralelos na trama após Rachell descobrir uma foto revelando os motivos do suicidio da amiga, passando a perseguir o tal jogador de futebol inclusive envolvendo a policia local no caso, neste mesmo tempo Jesse (Jason London) o rapaz mais popular do colégio começa a nutrir uma paixão por Rachell que cede as investidas do rapaz.


Em meio a toda esta premissa construtiva da historia que aparece um dos fatos mais curiosos e sustentáveis do longa, a sobrevivente e personagem chave do longa original 'Sue Snell' (novamente vivida pela atriz Amy Irving) reaparece na historia agora como conselheira da escola onde estes fatos ocorrem, impressionada com as pequenas demonstrações telecinéticas de Rachell, Sue passa a correr contra o tempo para tentar evitar que uma tragédia semelhante à de 23 anos atrás ocorra, na verdade o resgate da personagem Sue Snell e obviamente o retorno de Amy Irving para reprisar o papel torna-se o grande atrativo deste a maldição de carrie, pois de maneira inteligente o diretor Katt Shea utiliza flashbacks do longa original em dados confrontos psicológicos entre as personagens de Rachell e Sue, contraste muito interessante que se mescla com boa parte do roteiro escrito por Rafael Moreu que também procura investir na personagem de Sue Snell, desde sua aproximação em Rachell até sua busca desenfreada por indícios que provem que sua tese em comparar Rachell com Carrie tinha fundamentos (fato este que se comprova ao descobrir que Rachell é meia irmã de Carrie), observe que há até mesmo uma riqueza de detalhes quando Sue leva Rachell até as ruinas da escola destruída por carrie nos fatos do longa original onde Sue inclusive fala sobre os anos que passou internada recuperando-se do trauma vivido devido a estes acontecimentos, fato este que se casa completamente com a cena final de carrie a estranha onde a personagem demonstra claros indícios de perturbação e loucura, enfim, Rachell ignora completamente os conselhos de Sue e passa a introduzir-se cada vez mais com os novos e populares amigos da escola porem a garota nem desconfiava que toda a situação causada em dedurar o rapaz do time de futebol e relacionar-se com Jesse causaria uma vingança maligna e cruel em uma festa e que serviria de estopim para liberar todo o ódio de Rachell que tomada pelos poderes cinéticos causaria um estrago semelhante ao da meia irmã 23 anos atrás, repare nesta seqüência da festa e note semelhanças com o baile do longa original, não mentiria que foi uma bela diversão assistir a esta seqüência que com os efeitos atuais atinge um nível bem mais violento, alem de nostálgico é uma bela diversão ao telespectador.
Enfim, a maldição de carrie jamais deve ser comparado á obra original de 1977 já que seus personagens jamais conseguem alcançar a profundidade necessária para que o publico se apegue a alguém, até mesmo Emily Bergl jamais consegue dar uma intensidade a Rachell de forma que realmente nos sensibilize com ela diferente da memorável Carrie de sissy Spacek, e o romance entre Rachell e Jesse também soa forçado e todos percebem desde o primeiro contato que os dois jamais ficarão juntos e felizes para sempre, ainda assim é uma boa diversão que merece ser conferida tanto por quem procura uma boa diversão de horror e principalmente para aqueles que já são conhecedores do filme original.

A maldição de carrie
Título Original: The Rage: Carrie 2
Gênero: Terror
Tempo de Duração: 105 minutos
Distribuição: MGM / UIP
Direção: Katt Shea
Roteiro: Rafael Moreu
Elenco: Emily Bergl (Rachel Lang), Jason London (Jesse Ryan), Dylan Bruno (Mark Bing), J.Smith-Cameron (Barbara Lang), Amy Irving (Sue Snell)

quarta-feira, 30 de março de 2011

CARRIE A ESTRANHA (1976)

Falar sobre clássicos do cinema trata-se de uma grande complicação pois já existem críticos ferrenhos que impuseram ao longo dos anos boas dissertações a respeito da obra portanto é algo diferenciado, Carrie ou conforme nosso titulo por aqui: carrie a estranha é um dos mais renomados horrores da historia do cinema e também motivo de curiosidade pois é um dos poucos filmes de horror (sempre foi classificado neste gênero e eu também defendo) que normalmente conta com admiradores de todos os gêneros, fato que qualquer um que o tenha conferido logo se da conta do porque.



Baseado no primeiro best seller publicado pelo (hoje) mega, super, ultra-escritor de contos de horror, o mestre Stephen King, Carrie narra a historia da adolescente titulo, uma jovem que fora criada praticamente escondida da sociedade pela mãe (Piper Laurie) uma religiosa fanática que nunca mediu esforços para manter a filha completamente à parte das atividades de qualquer adolescente de sua idade, logo na introdução o longa nos apresenta carrie como uma garota desajeitada mas que esconde misteriosos poderes paranormais, porem este fato apenas ajudava com que a garota cursasse um caminho totalmente contra o das garotas de sua época, seu atraso social pode ser medido na seqüência seguinte a introdução onde em uma cena pesadíssima a adolescente sofre a primeira menstruação durante o banho no vestiário da escola e começa a berrar desesperadamente sem se dar conta do que ocorria ali, a situação foi alvo cômico por parte das colegas de classe e acarretou em uma severa punição a todas as garotas envolvidas criando duas diferentes e cruciais situações: Sue (amy Irving) ficou sensibilizada com a situação de Carrie e decidiu fazer com que seu namorado Tommy (William Katt), um dos rapazes mais disputados pelas garotas na escola levasse Carrie no baile de formatura, em contrapartida Chris (Nancy Allen) não aceitou as exigências impostas pela professora de educação física devido á brincadeira com Carrie no vestiário e ficou fora do baile de formatura, ao saber dos bondosos planos de Sue para Carrie a garota junto com seu namorado (John Travolta meses antes de estrear nos cinemas mostrado seus dores dançantes em embalos de sábado à noite, portanto um desconhecido) arquiteta uma cruel vingança a pobre Carrie.


O resultado desta vingança foi uma das mais marcantes seqüências da historia do cinema de horror pois a vingança de Carrie foi algo drástico e aterrador onde nem a própria garota se dava conta do que seus poderes eram capazes, o banho de sangue (literalmente vindo das duas partes) tornou-se uma das mais violentas seqüências da década de 70 e foi severamente criticado por muitos críticos da época, o uso do efeito tridimensional, ou seja, várias telas se abrindo e mostrando várias coisas acontecendo ao mesmo tempo para o espectador foi excepcionalmente utilizado. Voltando para sua casa, tem de enfrentar sua mãe, em outra seqüência espetacular de suspense, terror e violência.

Carrie é o que chamo de um filme completo pois conta com toda a densidade exigida para os grandes e marcantes clássicos porem não deixa de lado o seu lado sombrio, méritos do brilhante diretor Brian de Palma que não se conteve as criticas da época e concebeu a extraordinária seqüência do baile de formatura, foi ainda através de Carrie que de Palma entrou definitivamente no hall de grandes cineastas de Hollywood assumindo projetos de grande orçamento, obviamente que não poderia deixar de citar a magnífica atuação de Sissy Spacek como a sofrida Carrie White, transformando a personagem em um ser totalmente próximo do público e freqüentemente sensibilizando a platéia, o desfecho de Carrie é algo que sempre me aterrorizou desde a 1º vez que conferi o longa, porem na ultima vez que assisti penso que talvez tenha sido desnecessário, imagino Carrie como um desses contos de fadas como a bela adormecida ou a bela e a fera, porem penso que apenas o sonho da donzela não se realizou, apenas aconteceu o contrario, e do ponto de vista da obra original de Stephen King, Carrie nunca foi uma vilã, é apenas uma vitima da sociedade como um todo, ainda assim na minha humilde opinião continuará sendo uma obra que beira a perfeição.



Observação: Este longa ganhou uma curiosa e boa seqüência 22 anos depois intitulada no brasil como 'a maldição de Carrie' onde inclusive retorna a atriz amy Irving no mesmo papel de Sue lidando com uma situação semelhante ao que vemos neste longa.
Carrie a estranha


Carrie a estranha
Título Original: Carrie
Gênero: Terror
Tempo de Duração: 98 minutos
Ano de Lançamento (EUA): 1976
Estúdio: Redbank Films
Distribuição: United Artists / MGM
Direção: Brian de Palma
Roteiro: Lawrence D. Cohen, baseado em livro de Stephen King
Elenco: Sissy Spacek (Carry White), Piper Laurie (Margaret White), Amy Irving (Sue Snell), William Katt (Tommy Ross), John Travolta (Billy Nolan), Nancy Allen (Chris Hargenson), Betty Buckley (Srta. Collins)

NOITE DE ARREPIOS (1986)

Sempre fui um grande admirador do gênero ‘terrir’, a arte de proporcionar um bom filme de terror (ou horror, tanto faz) mesclando pitadas grotescas de comédia escrachada ou cenas ou até tomadas inteiras de situações constrangedoras que se tornam engraçadas sempre foi algo admirável pra mim, porem não confundam..., o 'terrir' original jamais perde seu foco que é o terror, o sangue, as mortes, ou seja: não se deve destoar de um filme de terror seja ele convencional ou não, o cinema norte americano já concebeu inesquecíveis clássicos do 'terrir' como o saudoso 'a volta dos mortos vivos', a cultuada serie 'uma noite alucinante' (the evil dead), e o excelente 'palhaços assassinos do espaço sideral'.
Dentro deste gênero jamais poderia deixar de citar o divertidíssimo a noite de arrepios (night of the crips) de 1986, na verdade noite de arrepios trata-se de um filme bastante simples, sua historia é até bem batida, as questões de extraterrestres e humanóides que vem de outro planeta para infernizarem os pobres seres-humanos é algo que foi extremamente explorado pelo primórdio do cinema norte-americano nos anos 50 como a bolha (56) e plan 9 the outer space (54).
A grande sacada do diretor Fred decker foi em trabalhar todos estes aspectos como certa homenagem ao cinema arcaico de horror americano (o que fica nítido na introdução de noite de arrepios) e aliar este contexto a realidade atual da produção de 1986, a verdade dita é que essa bizarra mescla que tinha tudo pra dar em um filme horrível acabou por se tornar um dos grandes clássicos da época e um dos símbolos dos bons filmes de horror produzidos nos anos 80 até porque o longa traz tudo aquilo que você poderia esperar de uma boa produção da época, o garoto perdedor que terá sua chance com a garota top da escola que por sua vez namora com o garanhão e líder da fraternidade, assim e não poderia ficar de fora o melhor amigo do protagonista.



Embora os efeitos especiais concebidos nos monstros e vermes, e até nos ETs que aparecem ao longo da projeção estejam totalmente batidos em pleno século 21, o roteiro de noite de arrepios cheio de avenura e desventuras que acompanham muito mistério e claro, sangue a beça não podem deixar de ser conferidos, os destaques do longa ficam por conta da cena da preparação para a festa de formatura, sim aquelas mesmas festas batidas de formatura dos anos 80 que você cansou de ver em filmes como porkys e curtindo a vida adoidado, mas desta vez digamos que será uma visão um tanto bizarra (e claro divertidíssima), obvio que tantos juvenis no elenco não poderiam dar conta de acabar com este mal que vem de outro planeta, por isso que a produção tratou de trazer o, diga-se de passagem, batido ator canastra tom Atkins para dar vida ao mal encarado detetive Cameron, Atkins que já havia resolvido em outras produções de horror como a bruma assassina e o sofrível halloween 3 aqui gera um carisma interessante para o personagem e convence pelo contexto do filme, enfim, a noite de arrepios trata-se de um divertidíssimo filme e que merece ser visto e revisto.
A baixa fica por conta de que o longa nunca foi lançado por aqui, pelas minhas pesquisas não há no Brasil nem sequer um VHS de a noite de arrepios que possivelmente circule pelos sebos, então há duas saídas óbvias: ou você procura o longa em um shared pra baixá-lo o que não deve ser muito difícil, ou compra o DVD norte-americano através de um site internacional, eu tenho a edição especial de noite de arrepios e a recomendo para qualquer bom admirador de filmes de horror, pois há até um final alternativo que eu jamais havia visto, só não deixe de conferir este fantástico filme.

Noite de arrepios
(Night of the Creeps, EUA, 1986). 85 minutos
Direção: Fred Dekker
Roteiro: Fred Dekker
Elenco: Jason Lively (Chris Romero); Steve Marshall (J.C. Hooper); Jill Whitlow (Cynthia Cronenberg); Tom Atkins (Det. Ray Cameron); Wally Taylor (Det. Landis); Bruce Solomon (Sgt. Raimi); Vic Polizos; Allan Kayser (Brad); Ken Heron (Johnny);

O MASSACRE DA SERRA ELETRICA (1974)

Falar sobre filmes de terror antigos no Brasil não é corriqueiro, normalmente temos de procurar bastante até encontrar uma critica, nota ou dado relevante sobre as obras de horror do passado, ainda assim existem alguns poucos clássicos que fazem exceção a regra, e obviamente que um dos monstros sagrados do gênero não seria diferente, o massacre da serra elétrica, obra filmada em 1974 e lançada em pouco mais de 400 salas de cinema norte-americanas no mesmo ano trata-se de um soberbo clássico do cinema do horror que marcou época, grande parte da polemica do longa se fez devido a sua proibição em mais de 25 países, inclusive em muitos deles o filme só foi devidamente comercializado muitos anos após o lançamento original como na Inglaterra e o próprio Brasil.
Conforme narrado a seco em seu inicio a obra perturbadora trata de especificar ao telespectador a premissa básica sobre cinco jovens que em meio a um passeio de verão no Texas vão encontrar aquilo que há de mais macabro e sinistro em suas breves vidas, especialmente Sally Hardesty que mais tarde seria a única sobrevivente da insana tragédia mostrada no longa.
O massacre da serra elétrica demora para apresentar seus vilões, ainda que de fato o caroneiro anônimo que aparece no inicio venha a se mostrar como parte da brutal família canibal, leatherface da às caras na projeção só nos 50 minutos iniciais, ainda assim é uma gran estréia, pois a brutalidade a agilidade com que o mesmo golpeia o rapaz com uma marreta e o leva adentro da casa em uma porta estratégica é algo realmente voraz, e repare na vitima se contorcendo como que mais um animal abatido no matadouro da família... realmente macabro.
Daí pra frente à projeção toma contornos pesados e podemos esperar muito mais brutalidade como a cena a seguir onde a namorada do rapaz adentra na mesma casa atrás do namoradinho, claro que não demoraria para leatherface utilizar a mesma estratégia da porta e agarrar a moça, essa porem tem um destino tão perturbador quanto o rapaz, é colocada viva em um gancho de carne enquanto nosso diabólico vilão prepara a serra para fazê-la em pedacinhos, esta cena também é bem forte, mas seria seguida por outras tão bizarras quanto como a morte seguinte onde o outro rapaz do grupo adentra na casa e passa a ficar horrorizado com os restos de animais podres e ossos amarelados sendo na seqüência golpeado até a morte pelo mesmo leatherface, é nesta cena que fica muito claro ao telespectador que leatherface revoltado e aos grunhidos como um animal trata-se de um retardado mental, um doente que age por impulso baseado na tradição de canibalismo de sua família, esta percepção cria um elo do vilão com o publico, elo este que faz parecer que o mesmo nunca tem e nunca terá controle sobre as atitudes que toma, méritos ao seu interprete, o ator Gunnar Hansen que confere até mesmo certo carisma ao vilão, carisma este que (nunca é demais lembrar) jamais nenhum interprete conseguiu atingir nas seqüências que foram saindo.
Outro grande mérito presente em massacre da serra elétrica trata-se de Marylin Burns, interprete da sofrida Sally Hardesty que passa maus bocados junto da família de canibais, a atriz consegue passar ao publico toda tensão e violência psicológica e física sofrida dentro da casa, realmente chega a ser tenebroso e nauseante as seqüências que se passam perto do desfecho do longa, devido à atuação de gala, Marylin Burns tornou-se honrosamente a 1º scream Queen da historia do cinema de horror e constantemente disputa o páreo de the Best com a também ótima Jamie Lee Curtis da franquia halloween.
                
Um dos grandes mitos criados por o massacre da serra elétrica dá conta de seu custo beneficio, o longa foi produzido pela bryanston pictures que na época financiava filmes pornográficos, devido ao sucesso de garganta profunda (clássico do gênero) o estúdio resolveu se aventurar em novas produções e utilizou os ótimos ganhos que tiveram com garganta profunda para financiar outras produções também de baixo orçamento e o massacre da serra elétrica era um destes projetos de gaveta, orçado em 140.000 dólares (orçamento pífio até mesmo para filmes pornográficos) o longa dirigido por Tobe Hopper arrecadou mais de 30 milhões de dólares apenas em seu lançamento nos cinemas na época o que o fez tornar-se um fenômeno até mesmo nos dias de hoje.


Enfim, o massacre da serra elétrica diferentemente de muitos dos longas de sua época é um filme que em uma exibição atual continua a ter vigor de sobra mostrando-se ainda chocante e perturbador, filmado em 16 mm de forma independente, figura indiscutivelmente entre os 10 melhores filmes de terror da historia e conseguiu marcar época e deixando letharface enraizado como um dos grandes vilões da historia do cinema de horror.
duas baixas:
 - 1º um dos fatos incompreensíveis que acompanham este histórico filme dão conta de Tobe Hoopper, o na época promissor realizador desta obra prima conseguiu marcar seu nome na historia do cinema de horror concebendo uma obra prima cultuada até hoje e depois jamais obteve sucesso e reconhecimento, Hopper ainda conseguiu espaço na mídia anos depois ao ser convidado para dirigir a obra de horror poltergaist produzida pelo mega diretor Steven Spielberg porem constantes brigas com o mesmo nos sets deram conta de que Hopper abandonou o set na metade do filme e Spielberg assumiu a também cadeira de diretor, fato este que pelo menos não foi creditado, o fato é que Hopper passou a produzir filmes cada vez mais medíocres e para completar o desastre aceitou realizar para o estúdio Cannon em 1986 a seqüência deste massacre da serra elétrica, um filme que quase alcança o nível de uma comédia canastra, isso revoltou os fãs da obra e só serviu para jogar a carreira do diretor mais as traças do que já estava.
 - 2º o massacre da serra elétrica como não poderia deixar de ser, demorou, mas ganhou seqüências porem nenhuma delas é digna de ser sequer comparada à obra original, em 2003 a platinum dannes estúdio especialista em produzir remakes de clássicos do horror lançou o remake deste massacre da serra elétrica, o longa é muito inferior ao original e destoa de muitos fatos contidos no filme de 1974, porem o mais revoltante é deparar-se com um letharface inescrupuloso, ao qual troca-se o personagem insano e doente visto no original, para um letharface que não passa de mais uma boa copia do Jason vorhees, ou seja, mata com total noção do que faz e objetividade, bancando o velho estereótipo vilão básico de slasher movie.



O massacre da serra eletrica (the texas chainsaw massacre)
eua, 1974
duração: 84 minutos
direção: Tobe Hopper
roteiro: Kin Henkel e Tobe Hopper
elenco: Marylin Bursn (Sally Hardest), Allen Danziger (Jerry), Paul A. Partain (Franklin Hardesty), Willian Vail (kirk), Teri Mcminn (Pam), Edwin Neal (Leatherface), John Duggan (grandfather) John Larroquete (narrador).