Sempre tem aqueles filmes que a gente assiste na infância e
fica marcado eternamente na memória, na maioria das vezes você assistia e pensava:
puts que filme da hora, e depois de alguns anos quando assiste novamente sob um
olhar mais amadurecido analisa e chega à conclusão: não era tudo isso que eu
achava, mas ainda assim é uma história interessante. Esse é o caso de ‘a coisa’
também bastante conhecido como ‘the stuff’ seu titulo original.
Recordo-me como se fosse hoje que no inicio da década de 90
esse filme passou inúmeras vezes no extinto cinema em casa do SBT, e eu sempre
que podia assistia, ou seja: quase todas as vezes que repetidamente reprisava
esse pequeno clássico produzido pela New World Pictures, produtora acostumada a
desenvolver produções de baixo orçamento que envolviam características de
terror e comédia, a maioria de seus filmes ficou em um esquecimento eterno,
porem outros como Piranha e corrida da morte ano 2000 seguiram crescendo como clássicos
contemporâneos.
Ao aprofundar suas investigações David logo descobre que o tal the stuff tinha segredos muito maiores envolvendo sua origem, e entra em uma espécie de teoria da conspiração ao lado de Charlie (Garret Morris), ambos acabam descobrindo que o stuff na verdade é um parasita que ao ser ingerido pelo ser-humano passa a controlar o seu cérebro transformando a pessoa em uma espécie de zumbi alimentando-se do seu cérebro e órgãos deixando o corpo humano oco (realmente inacreditável não?).
Ao mesmo tempo o garoto Jason (Scot Bloom) também percebe que
a sobremesa tem vida e percebe o quanto a mesma afeta a sua família que consome
o stuff exageradamente, logo o garoto
seria resgatado por David e completaria o trio de heróis junto com Nicole
(Andrea Marcovicci) que depois de ser a criadora da campanha de marketing que
ajudou a popularizar o stuff, passa a combater a sobremesa-alienígena além de
servir como par romântico de David.
O elenco de ‘a coisa’ é um dos pontos que dão sustentação a maior
parte do filme e até mesmo ajudam a engolir os muitos buracos do roteiro, a
começar pelo veterano protagonista Michael Moriaty que sempre foi figura
conhecida na TV americana tendo realizado series como holocaust no fim dos anos
70 diversos filmes para a TV como The winds of kitty hawk, o ator consegue transitar
bem entre a seriedade e o humor conseguindo ser uma figura carismática dentro
do filme, já o seu par romântico interpretado por Andrea Marcovicci que tinha contracenado
recentemente no sucesso ‘os eleitos’ não faz mais que o obvio, alias a química entre
ela e o personagem de Moriaty é extremamente forçada, do nada o casal passa a
se beijar a agir como se conhecessem há anos sendo que haviam acabado de estar
juntos, ah se a vida fosse assim...
Mas as grandes apostas da New Word para emplacar o sucesso
de ‘a coisa’ foram às presenças do na época popular comediante do Saturday Night
Live, Garret Morris e o veterano ator Paul Sorvino que interpretou o durão coronel
Spears, além de uma pequena participação do também veterano Danny Aiello.
A coisa jamais ficou marcado como um grande sucesso, até
mesmo o seu lançamento foi realizado de forma bastante limitada nos cinemas
americanos, como já era um costume das
produções da New Word Pictures, porem o seu lançamento no mercado de home vídeo
no final da década de 80 popularizou bastante a produção que naturalmente
tornou-se Cult e conquistou uma legião de fãs, tanto é que atores como Michael
Moriaty e Scot Bloom são lembrados até hoje como os personagens David e o garoto
Jason.
Os efeitos especiais de ‘a coisa’ também se mostram interessantes,
afinal não precisa de muita coisa para fazer uma montueira de massa branca caminhar
pelo chão, foram utilizados quilos de sorvete e iogurte além de massa de barbear,
inclusive a cena onde a massa suga uma vitima para o teto foi feita da mesma maneira
como foi filmada a cena da morte de Jonny depp em a hora do pesadelo.
A ideia do diretor e roteirista Larry Cohen em utilizar um
produto industrializado como o grande vilão a assolar a população foi muito
inventiva, inclusive assistindo ‘a coisa’ nos dias atuais fica nítido o quanto
a mensagem do filme fica clara em mostrar que a população pode ser facilmente
enrolada com um produto saboroso e com grande apelo e marketing comercial,
afinal você ai procura saber quais são os ingredientes que compõe a sua
sobremesa favorita? Correria atrás dessa informação? E será que conseguiria essas
informações facilmente? E se descobrisse algo incomum será que ao tentar
desmascarar a empresa sofreria represálias?, afinal de contas esse tipo de
negócio envolve muitos interesses comerciais concorda?
Pois é, não é que eu queira pairar essa duvida, mas
concordemos que com as atuais e agressivas campanhas de marketing industrial aliada
à concorrência de mercado, o conceito deste filme torna-se ainda mais atual,
alias grande destaque para as cenas onde é realizada as diversas camadas de propaganda
da sobremesa ‘the stuff’, muito embora o filme se passe nos anos 80, é sensacional
a forma como é abordado à agressiva campanha de marketing do doce, fica nítido o
quanto convincente ficou.
Enfim, ‘a coisa’ como já foi dito não trata-se de nenhum grande
clássico, mas é um filme memorável pela forma como abordou o seu tema, e ainda
afirmo que poucos filmes da década de 80 permanecem com uma história tão atual
como esta, que nos dias atuais e nas mãos de idealizadores com um mínimo de
visão poderia tornar-se um grande filme.
Observação: antevendo a moda atual, a coisa tem uma pequena e
divertida cena pós-créditos.
titulo original: The Stuff
elenco: Andrea Marcovicci(Nicole), Danny Aiello (Vickers) Paul Sorvino (Colonel Malcolm Grommett Spears) Michael Moriarty, Garrett Morris ('Chocolate Charlie Hobbs) Alexander Scourby (Evans), Russell Nype (Richards) Scott Bloom (Jason), James Dixon(Postman) Catherine Schultz (Waitress), James Dukas (Gas Attendant) Peter Hock (Miner) Patrick Dempsey (Underground Stuff buyer)Gênero: Terror
Direção: Larry Cohen
Roteiro: Larry Cohen
Produção: Paul Kurta
Fotografia: Paul Glickman
Trilha Sonora: Anthony Guefen
Duração: 93 min.
Ano: 1985
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