A TRANSFORMAÇÃO DE JASON: DO GAROTO VITIMA DE AFOGAMENTO, PARA UM SELVAGEM ASSASSINO HABITANTE DAS FLORESTAS DE CRYSTAL LAKE!
Após o estrondoso sucesso de “sexta-feira” 13 não demoraria
para que a Paramount encomendasse-se uma sequencia ao diretor Sean Cunningham e
sua equipe que idealizaram o 1º filme, o problema foi que o diretor tinha a ideia
de transformar sexta-feira 13 em uma franquia com filmes sendo lançados
anualmente, porem com histórias completamente diferentes e sem nenhuma ligação
com o filme antecessor, projeto que logo de cara foi reprovado pela Paramount,
com a recusa do estúdio e ainda no calor do sucesso de “sexta feira 13” Sean
Cunningham preferiu abandonar o projeto da sequencia, porem a Paramount que já
tinhas os direitos de franquia nos EUA e haverá acabado de comprar os direitos
de distribuição internacionais para a produção de sequencias da franquia não desistiria
da ideia de lançar um novo sexta-feira 13 partindo-se da história original, foi
então que Steve Miner, um dos produtores associados do filme original assumiu
a direção e tomou frente do projeto de sexta-feira 13 parte 2.
Steve Miner que
acumulará as funções de diretor e produtor de sexta-feira 13 parte 2 teve de
lidar com a ausência de boa parte dos talentos do primeiro filme, seguindo a
direção de Cunninghan, o roteirista Victor Miller também preferiu não ter
qualquer tipo de envolvimento com á sequencia assim como o maquiador Tom Savini,
a parte boa era que quase a totalidade da equipe técnica do primeiro filme como
câmeras e assistentes de direção e fotografia retornariam para a sequencia,
assim como Harry Manfredini comporia novamente a trilha sonora, o roteiro foi
escrito as pressas por Ron Kurz e Phil Scuderi, entusiastas da ideia de Jason como
o grande vilão do filme.
Sexta feira 13 parte 2 inicia em pacato bairro americano, em
uma noite quando vemos uma criança retornando para sua casa aos chamados da mãe,
em seguida já acompanhamos os passos do vilão andando pelo bairro e parando
fixo em frente a uma casa, na sequencia já é mostrada a heroína do primeiro
filme, Alice (Adrienne King), ainda claramente atordoada e tentando recomeçar a
vida após os acontecimentos vividos no 1º filme, após algum suspense Alice abre
à geladora e encontra a cabeça de Pamela Vorhees que haverá decepado meses
antes, na sequencia é assassinada por Jason que perfura um picador de gelo em
seu crânio assim colocando em pratica a vingança para a assassina de sua mãe, logo
temos a apresentação do titulo, nos mesmos moldes do 1º filme, porem desta vez
com o titulo explodindo e em seguida: part 2.
Cinco anos após os acontecimentos de “sexta feira 13” (este
fato seria evidenciado ao longo do filme) na mesma cidade, percebemos uma movimentação
de jovens, logo percebemos que um novo acampamento esta sendo organizado pelo supervisor
Paul (John Furey) e sua assistente e namorada Jinny (Amy Steel), não exatamente
no mesmo local onde ocorreram as mortes cinco anos antes, mas em um local muito
próximo, neste inicio de filme os espectadores já podem notar o retorno de Crazy
Ralph (Walt Gorney), um dos personagens icônicos do 1º filme, porem a alegria
do profeta louco não duraria muito, já que em sua segunda cena no filme seria
uma das vitimas de Jason.
Após os acontecimentos cinco anos antes, Crystal Lake passou
a ser um local amaldiçoado e chamado pelos locais de Camp Blood (acampamento sangrento),
é claro que mesmo sabendo da fama e interdição um casalzinho do acampamento tentaria
adentrar no local, sendo barrados por um policial, é claro que a sorte deles
não duraria muito.
Na sequencia do filme temos uma cena dos jovens reunidos em uma
fogueira onde Paul conta um breve prologo de Jason Vorhees, desde sua (teórica)
morte no lago, a ausência do corpo que jamais fora achado, a lenda de que o
mesmo assistirá a morte da mãe sendo decapitada nas redondezas do lago, e o
posterior sumiço da jovem que matará Pamela Vorhees dois meses após os acontecimentos,
depois um dos garotos prega um susto na galera e tudo termina em brincadeira,
porem Jason estaria atentamente observando todos os passos dos jovens.
A partir dos 40 minutos de filme o diretor Steve Minner
engata a 5º marcha e Jason ataca o acampamento eliminando os jovens que ali
estavam, enquanto isso Paul e Jinny que estavam com parte do grupo em um
barzinho retornam para o acampamento e deparam-se com muito sangue no local,
Jason ataca Paul e persegue incansavelmente Jinny até ambos entrarem em um
barracão que servirá de casa para Jason, nesta que é uma das mais antológicas
cenas da franquia, Jinny se depara com a cabeça decapitada de Pamela Vorhees,
ciente da história toda, veste a blusa da assassina e no momento em que seria
atacada por Jason, finge ser Pamela Vorhees causando grande confusão mental no maníaco
que pelo menos naquela cena conseguiria ser vencido por Jinny e Paul, embora
esta ainda não seja a parte final do filme.
Um dos méritos desta sequencia é saber exatamente qual a
finalidade do filme e o que o público espera, sendo ágil na história, diferente
do 1º filme, aqui o diretor Steve Minner não perde tempo em focar no
desenvolvimento dos personagens ou historinhas paralelas que desviam o foco, o
que temos é um banquete de jovens presas eliminadas em sequencia por Jason que
é retratado como uma lenda da floresta, um animal louco e selvagem sem qualquer
tipo de contato com a sociedade, e, portanto capas de cometer as piores barbáries,
uma das características que mais me atraem nesta fase da serie “sexta feira 13”
e especialmente deste titulo é a humanização do personagem Jason Voorhees, assistindo
a este filme podemos entender o que levou aquele homem a se
tornar um animal enfurecido, na cena onde o policial adentra o barracão onde o maníaco
reside, percebemos um local sujo e rustico feito à base de tapumes e coisas
velhas dotado até mesmo de um banheiro igualmente rustico, o tipo de moradia de
um ser humano que não tem qualquer tipo de contato com a sociedade há anos, nas
cenas de assassinatos, perseguições e lutas corporais do personagem, fica claro
que todos ali estão lidando com um ser-humano, embora dotado de métodos totalmente
selvagens de caça, essas características humanas de Jason seriam cada vez mais
abandonadas e os novos filmes da serie apresentariam ao público um Jason cada
vez mais sobre-humano e imbatível.
Outra novidade que Steve Miner agregou a serie neste titulo tornando-se cliche nos filmes da serie que seguiriam é a inserção de sustos em diversas cenas, diferente do primeiro filme, aqui o
diretor fez questão de incluir os temas aflitantes compostos por Harry
Manfredini não apenas nas cenas de aproximação do assassino ou quando o mesmo
observara as futuras vitimas, mas também em cenas onde se pregava um susto no
expectador, isso já fica nítido nos primeiros minutos de filme na cena do gato
pulando em cima de Alice.
De resto, Steve Miner segue praticamente todos os conceitos
criados por Sean Cunningham no 1º filme, as constantes observações do assassino
á suas futuras prezas, o casal que faz sexo e automaticamente é fadado a ser
assassinado, fumação de maconha geral por parte dos jovens, cenas picantes de
bundas e peitos femininos (muito embora as calcinhas da época não empolguem muito),
caras que se acham o engraçadão e logo são abatidos. A grande diferença é
notada na heroína Jinny (Amy Steel) que grita e chora bem menos que Alice (Adrienne
King) e não foge da reta na hora de atacar Jason, a ausência dos corpos das
vitimas aparecendo durante a perseguição de Jason a Jinny também é uma ausência
vista no 1º filme, claro que não seria um problema copiar essas referencias
citadas nos exemplares da serie que seguiriam.
Produzido com um orçamento pouco maior do que os U$ 500.000 do
seu antecessor, sexta-feira 13 parte 2 foi um estrondoso sucesso de bilheteria
tendo ficado em 1º lugar em sua estreia nos E.U.A, embora eu não tenha achado
fontes confiáveis quanto à arrecadação de bilheteria do filme, fato é que por
ser uma produção de orçamento irrisório para um grande estúdio, certamente gerou
enorme lucro nos caixas da Paramount e foi à primeira sequencia de uma serie de
sete filmes da franquia que viriam a ser produzidos pela Paramount de 1981 á
1989, iniciando aqui uma era de total predomínio e popularização de sexta feira
13 nos cinemas
Censuras e cortes
Embora as mortes em sexta feira 13 parte 2 sejam originais e
bem elaboradas, já que vemos o assassino matando com lança, picareta, martelo,
garfo de ferro, picador de gelo e etc., há muitas tomadas inteiras que foram
filmadas e na edição final ficaram completamente sem nexo ou sem sentido como a
lança que atravessa o casal e mortes que nem aparecem, a explicação para isso é
que a censura norte americana pegou pesado com o filme e picotou as melhores
sequencias, conforme relata o livro “Crystal Lake memories” a sequencia em que
a lança atravessa o casal havia sido mega elaborada, com Jason retirando a
lança e o sangue jorrando, além da morte de uma das garotas com uma tesoura de
jardinagem, segundo relatórios da Paramount, foram cortados cerca de 1:20
minutos de filme só de cenas “pesadas”, além destes cortes a equipe também filmou
um final alternativo que justificaria um dos buracos do roteiro, na penúltima cena
Jinny aparece sendo levada em uma ambulância e perguntando por Paul, posteriormente
o filme se encerra com uma tomada na cabeça decepada de Ms. Vorhees, e o
publico eternamente fica na duvida se Paul foi morto na cena do ultimo ataque
onde Jason pulou pela janela em cima de Jinny, no final originalmente filmado a
ultima tomada mostra a cabeça de Ms. Vorhees sorrindo e nitidamente o publico
entende que Paul foi morto e que Jason continuara sua jornada sangrenta pelas
florestas de Crystal Lake, inclusive os relatos da equipe que produziu o filme
dão conta de que esta cena de Ms Vorhees sorrindo foi muito bem elaborada com a
participação de uma atriz maquiada e levando horas para ser filmada, até
compreendo que a cabeça decepada da mãe de Jason sorrindo ficaria bem estranho
e fantasioso para a franquia, porem acho lamentável o diretor e principalmente
o estúdio (Paramount) não terem guardado os negativos dessas cenas, imagine que
director’s cut maravilhoso não teríamos hoje ?
Das grandes injustiças que ocorrem quando falamos em “sexta-feira 13” considero que das maiores é Sean Cunningham o grande criador da franquia
não dividir seus méritos e ganhos durante todos estes anos com Steve Miner, Cunningham que desde
os anos 90 praticamente vive com os ganhos da franquia e tentando emplacar
novos filmes da serie de tempos em tempos, deveria dividir os méritos do que se
tornou sexta feira 13 com Miner, responsável por criar o “assassino” Jason
Voorhees a partir deste filme (entenda-se criar a figura de Jason como um “assassino”
e não criar o “personagem”), e o transformando no icônico assassino da mascara de
hockey no filme seguinte, infelizmente Cunningham que sequer acreditava no
projeto de transformar Jason no antagonista da serie, é quem hoje esta a frente
dos direitos da franquia, e tudo o que foi e vier a ser criado passa pela assinatura
dele, isso explica porque tivemos filmes tão ruins da serie a partir dos anos
90 como Jason vai para o inferno e Jason X (Cuninngham foi o responsável pela produção de ambos os filmes).
Titulo original: Friday the 13th part 2
Gênero: Terror
Direção: Steve Miner
Gênero: Terror
Direção: Steve Miner
Roteiro: Ron Kurz, Phil Scuderi
Elenco: Adrienne King, Amy Steel, Betsy Palmer, Bill Randolph, Carolyn Louden, China Chen, Cliff Cudney, David Brand, Jack Marks, Jaime Perry, Jerry Wallace, Jill Voight, John Furey, Kirsten Baker, Lauren-Marie Taylor, Marta Kober, Russell Todd, Stuart Charno, Tom McBride, Tom Shea, Walt Gorney, Warrington Gillette
Produção: Steve Miner
Fotografia: Peter Stein
Elenco: Adrienne King, Amy Steel, Betsy Palmer, Bill Randolph, Carolyn Louden, China Chen, Cliff Cudney, David Brand, Jack Marks, Jaime Perry, Jerry Wallace, Jill Voight, John Furey, Kirsten Baker, Lauren-Marie Taylor, Marta Kober, Russell Todd, Stuart Charno, Tom McBride, Tom Shea, Walt Gorney, Warrington Gillette
Produção: Steve Miner
Fotografia: Peter Stein
Midias disponíveis no Brasil: Blu-ray, DVD e Netflix
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