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sexta-feira, 28 de março de 2014

SEXTA-FEIRA 13 PARTE 2 (1981)

A TRANSFORMAÇÃO DE JASON: DO GAROTO VITIMA DE AFOGAMENTO, PARA UM SELVAGEM ASSASSINO HABITANTE DAS FLORESTAS DE CRYSTAL LAKE!


Após o estrondoso sucesso de “sexta-feira” 13 não demoraria para que a Paramount encomendasse-se uma sequencia ao diretor Sean Cunningham e sua equipe que idealizaram o 1º filme, o problema foi que o diretor tinha a ideia de transformar sexta-feira 13 em uma franquia com filmes sendo lançados anualmente, porem com histórias completamente diferentes e sem nenhuma ligação com o filme antecessor, projeto que logo de cara foi reprovado pela Paramount, com a recusa do estúdio e ainda no calor do sucesso de “sexta feira 13” Sean Cunningham preferiu abandonar o projeto da sequencia, porem a Paramount que já tinhas os direitos de franquia nos EUA e haverá acabado de comprar os direitos de distribuição internacionais para a produção de sequencias da franquia não desistiria da ideia de lançar um novo sexta-feira 13 partindo-se da história original, foi então que Steve Miner, um dos produtores associados do filme original assumiu a direção e tomou frente do projeto de sexta-feira 13 parte 2.
Todos haviam chegado num consenso de que o mais coerente seria emergir das cinzas (ou do lago) o pobre garoto Jason Vorhees para que o mesmo colocasse em pratica um plano de vingança pelo que fizeram a sua mãe no primeiro filme, porem a ideia foi repugnantemente abominada pelos idealizadores do primeiro filme, a maioria achava que não iria pra frente devido á abordagem dada aos personagens no filme original, e de fato “sexta feira 13” foi idealizado de forma a não abrir precedentes para sequencias diretas, já que a única cena em que Jason aparece trata-se de um sonho da personagem Alice (Adrienne King) embora a ultima cena onde aparece o rio borbulhando deixe uma sombra de duvidas no publico, Ainda assim, isso fazia parte do clima de mistério e suspense que Sean Cunningham e Victor Miller planejaram para o filme.
 Steve Miner que acumulará as funções de diretor e produtor de sexta-feira 13 parte 2 teve de lidar com a ausência de boa parte dos talentos do primeiro filme, seguindo a direção de Cunninghan, o roteirista Victor Miller também preferiu não ter qualquer tipo de envolvimento com á sequencia assim como o maquiador Tom Savini, a parte boa era que quase a totalidade da equipe técnica do primeiro filme como câmeras e assistentes de direção e fotografia retornariam para a sequencia, assim como Harry Manfredini comporia novamente a trilha sonora, o roteiro foi escrito as pressas por Ron Kurz e Phil Scuderi, entusiastas da ideia de Jason como o grande vilão do filme.
Sexta feira 13 parte 2 inicia em pacato bairro americano, em uma noite quando vemos uma criança retornando para sua casa aos chamados da mãe, em seguida já acompanhamos os passos do vilão andando pelo bairro e parando fixo em frente a uma casa, na sequencia já é mostrada a heroína do primeiro filme, Alice (Adrienne King), ainda claramente atordoada e tentando recomeçar a vida após os acontecimentos vividos no 1º filme, após algum suspense Alice abre à geladora e encontra a cabeça de Pamela Vorhees que haverá decepado meses antes, na sequencia é assassinada por Jason que perfura um picador de gelo em seu crânio assim colocando em pratica a vingança para a assassina de sua mãe, logo temos a apresentação do titulo, nos mesmos moldes do 1º filme, porem desta vez com o titulo explodindo e em seguida: part 2.
Cinco anos após os acontecimentos de “sexta feira 13” (este fato seria evidenciado ao longo do filme) na mesma cidade, percebemos uma movimentação de jovens, logo percebemos que um novo acampamento esta sendo organizado pelo supervisor Paul (John Furey) e sua assistente e namorada Jinny (Amy Steel), não exatamente no mesmo local onde ocorreram as mortes cinco anos antes, mas em um local muito próximo, neste inicio de filme os espectadores já podem notar o retorno de Crazy Ralph (Walt Gorney), um dos personagens icônicos do 1º filme, porem a alegria do profeta louco não duraria muito, já que em sua segunda cena no filme seria uma das vitimas de Jason.
Após os acontecimentos cinco anos antes, Crystal Lake passou a ser um local amaldiçoado e chamado pelos locais de Camp Blood (acampamento sangrento), é claro que mesmo sabendo da fama e interdição um casalzinho do acampamento tentaria adentrar no local, sendo barrados por um policial, é claro que a sorte deles não duraria muito.
Na sequencia do filme temos uma cena dos jovens reunidos em uma fogueira onde Paul conta um breve prologo de Jason Vorhees, desde sua (teórica) morte no lago, a ausência do corpo que jamais fora achado, a lenda de que o mesmo assistirá a morte da mãe sendo decapitada nas redondezas do lago, e o posterior sumiço da jovem que matará Pamela Vorhees dois meses após os acontecimentos, depois um dos garotos prega um susto na galera e tudo termina em brincadeira, porem Jason estaria atentamente observando todos os passos dos jovens.
A partir dos 40 minutos de filme o diretor Steve Minner engata a 5º marcha e Jason ataca o acampamento eliminando os jovens que ali estavam, enquanto isso Paul e Jinny que estavam com parte do grupo em um barzinho retornam para o acampamento e deparam-se com muito sangue no local, Jason ataca Paul e persegue incansavelmente Jinny até ambos entrarem em um barracão que servirá de casa para Jason, nesta que é uma das mais antológicas cenas da franquia, Jinny se depara com a cabeça decapitada de Pamela Vorhees, ciente da história toda, veste a blusa da assassina e no momento em que seria atacada por Jason, finge ser Pamela Vorhees causando grande confusão mental no maníaco que pelo menos naquela cena conseguiria ser vencido por Jinny e Paul, embora esta ainda não seja a parte final do filme.               
Um dos méritos desta sequencia é saber exatamente qual a finalidade do filme e o que o público espera, sendo ágil na história, diferente do 1º filme, aqui o diretor Steve Minner não perde tempo em focar no desenvolvimento dos personagens ou historinhas paralelas que desviam o foco, o que temos é um banquete de jovens presas eliminadas em sequencia por Jason que é retratado como uma lenda da floresta, um animal louco e selvagem sem qualquer tipo de contato com a sociedade, e, portanto capas de cometer as piores barbáries, uma das características que mais me atraem nesta fase da serie “sexta feira 13” e especialmente deste titulo é a humanização do personagem Jason Voorhees, assistindo a este filme podemos entender o que levou aquele homem a se tornar um animal enfurecido, na cena onde o policial adentra o barracão onde o maníaco reside, percebemos um local sujo e rustico feito à base de tapumes e coisas velhas dotado até mesmo de um banheiro igualmente rustico, o tipo de moradia de um ser humano que não tem qualquer tipo de contato com a sociedade há anos, nas cenas de assassinatos, perseguições e lutas corporais do personagem, fica claro que todos ali estão lidando com um ser-humano, embora dotado de métodos totalmente selvagens de caça, essas características humanas de Jason seriam cada vez mais abandonadas e os novos filmes da serie apresentariam ao público um Jason cada vez mais sobre-humano e imbatível.
Outra novidade que Steve Miner agregou a serie neste titulo tornando-se cliche nos filmes da serie que seguiriam é a inserção de sustos em diversas cenas, diferente do primeiro filme, aqui o diretor fez questão de incluir os temas aflitantes compostos por Harry Manfredini não apenas nas cenas de aproximação do assassino ou quando o mesmo observara as futuras vitimas, mas também em cenas onde se pregava um susto no expectador, isso já fica nítido nos primeiros minutos de filme na cena do gato pulando em cima de Alice.
De resto, Steve Miner segue praticamente todos os conceitos criados por Sean Cunningham no 1º filme, as constantes observações do assassino á suas futuras prezas, o casal que faz sexo e automaticamente é fadado a ser assassinado, fumação de maconha geral por parte dos jovens, cenas picantes de bundas e peitos femininos (muito embora as calcinhas da época não empolguem muito), caras que se acham o engraçadão e logo são abatidos. A grande diferença é notada na heroína Jinny (Amy Steel) que grita e chora bem menos que Alice (Adrienne King) e não foge da reta na hora de atacar Jason, a ausência dos corpos das vitimas aparecendo durante a perseguição de Jason a Jinny também é uma ausência vista no 1º filme, claro que não seria um problema copiar essas referencias citadas nos exemplares da serie que seguiriam.
Produzido com um orçamento pouco maior do que os U$ 500.000 do seu antecessor, sexta-feira 13 parte 2 foi um estrondoso sucesso de bilheteria tendo ficado em 1º lugar em sua estreia nos E.U.A, embora eu não tenha achado fontes confiáveis quanto à arrecadação de bilheteria do filme, fato é que por ser uma produção de orçamento irrisório para um grande estúdio, certamente gerou enorme lucro nos caixas da Paramount e foi à primeira sequencia de uma serie de sete filmes da franquia que viriam a ser produzidos pela Paramount de 1981 á 1989, iniciando aqui uma era de total predomínio e popularização de sexta feira 13 nos cinemas
Censuras e cortes
Embora as mortes em sexta feira 13 parte 2 sejam originais e bem elaboradas, já que vemos o assassino matando com lança, picareta, martelo, garfo de ferro, picador de gelo e etc., há muitas tomadas inteiras que foram filmadas e na edição final ficaram completamente sem nexo ou sem sentido como a lança que atravessa o casal e mortes que nem aparecem, a explicação para isso é que a censura norte americana pegou pesado com o filme e picotou as melhores sequencias, conforme relata o livro “Crystal Lake memories” a sequencia em que a lança atravessa o casal havia sido mega elaborada, com Jason retirando a lança e o sangue jorrando, além da morte de uma das garotas com uma tesoura de jardinagem, segundo relatórios da Paramount, foram cortados cerca de 1:20 minutos de filme só de cenas “pesadas”, além destes cortes a equipe também filmou um final alternativo que justificaria um dos buracos do roteiro, na penúltima cena Jinny aparece sendo levada em uma ambulância e perguntando por Paul, posteriormente o filme se encerra com uma tomada na cabeça decepada de Ms. Vorhees, e o publico eternamente fica na duvida se Paul foi morto na cena do ultimo ataque onde Jason pulou pela janela em cima de Jinny, no final originalmente filmado a ultima tomada mostra a cabeça de Ms. Vorhees sorrindo e nitidamente o publico entende que Paul foi morto e que Jason continuara sua jornada sangrenta pelas florestas de Crystal Lake, inclusive os relatos da equipe que produziu o filme dão conta de que esta cena de Ms Vorhees sorrindo foi muito bem elaborada com a participação de uma atriz maquiada e levando horas para ser filmada, até compreendo que a cabeça decepada da mãe de Jason sorrindo ficaria bem estranho e fantasioso para a franquia, porem acho lamentável o diretor e principalmente o estúdio (Paramount) não terem guardado os negativos dessas cenas, imagine que director’s cut maravilhoso não teríamos hoje ?
Das grandes injustiças que ocorrem quando falamos em “sexta-feira 13” considero que das maiores é Sean Cunningham o grande criador da franquia não dividir seus méritos e ganhos durante todos estes anos com Steve Miner, Cunningham que desde os anos 90 praticamente vive com os ganhos da franquia e tentando emplacar novos filmes da serie de tempos em tempos, deveria dividir os méritos do que se tornou sexta feira 13 com Miner, responsável por criar o “assassino” Jason Voorhees a partir deste filme (entenda-se criar a figura de Jason como um “assassino” e não criar o “personagem”), e o transformando no icônico assassino da mascara de hockey no filme seguinte, infelizmente Cunningham que sequer acreditava no projeto de transformar Jason no antagonista da serie, é quem hoje esta a frente dos direitos da franquia, e tudo o que foi e vier a ser criado passa pela assinatura dele, isso explica porque tivemos filmes tão ruins da serie a partir dos anos 90 como Jason vai para o inferno e Jason X (Cuninngham foi o responsável pela produção de ambos os filmes).
Mas finalizando o assunto, considero sexta feira 13 parte 2 certamente um dos melhores filmes da serie junto com a 3º parte e referencia para qualquer um que queira conhecer melhor os filmes da franquia, algumas pessoas desvalorizam o filme devido a Jason ainda não ter adquirido sua famosa mascara de hockey, eu sinceramente confesso que acho o visual de Jason neste filme (saco amarrado na cabeça) muito mais macabro e aterrorizante do que o tradicional.


Sexta-feira 13 parte 2
Titulo original: Friday the 13th part 2
Gênero: Terror
Direção: Steve Miner
Roteiro: Ron Kurz, Phil Scuderi
Elenco: Adrienne King, Amy Steel, Betsy Palmer, Bill Randolph, Carolyn Louden, China Chen, Cliff Cudney, David Brand, Jack Marks, Jaime Perry, Jerry Wallace, Jill Voight, John Furey, Kirsten Baker, Lauren-Marie Taylor, Marta Kober, Russell Todd, Stuart Charno, Tom McBride, Tom Shea, Walt Gorney, Warrington Gillette
Produção: Steve Miner
Fotografia: Peter Stein
Midias disponíveis no Brasil: Blu-ray, DVD e Netflix

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