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domingo, 14 de abril de 2013

ZUMBI 3 (LET SLEEPING CORPSES LIE) (1974)

Dentre os muitos filmes de zumbis lançados nos anos 70, a maioria dos títulos passa despercebido nos dias de hoje, porem ha produções que por sua originalidade e excelente roteiro e andamento da história conseguiram ter o seu lugar ao sol e ser lembrada por boa parte dos fãs do gênero, a produção espano-italiana filmada na Inglaterra (haja Europa) Zumbi 3 ou ‘let sleeping corpses lie’ se enquadra nessa lista de filmes.

  
A história acompanha George (Ray Lovelock) que após um incidente causado em sua moto por Edna (Cristina Galbo) em um posto de gasolina, acaba viajando junto á garota em seu carro para seguir o seu destino, porem devido á urgência o rapaz acompanha Edna em uma visita a irmã da mesma em um condado no interior da Inglaterra.
Após alguns desencontros os dois chegam na localidade e George embrenha-se pelo campo em busca de informações sobre a moradia da irmã de Edna, nesse mesmo tempo a garota é peseguida por um tipo extremamente estranho que mostra de cara ser um zumbi, enquanto George é apresentado a um grupo de campistas que fazem testes em uma maquina pesticida que através de radiação ultrassônica elimina os insetos, na verdade essa questão passa a tomar mais importância na história bem depois.

Enquanto Martin e Edna continuam a procura, somos apresentados ao casal Katie (Jeanine Mestre) (a tal irmã de Edna) e Martin (José Lifante) que enfrentam alguns problemas devido a Katie ser viciada em heroína, não demoraria muito para o mesmo zumbi que atacou Edna ir atrás de Katie que corre desenfreada atrás do marido Martin que acabaria sendo morto em confronto com o zumbi, em meio aos fatos um velho sargento durão da policia (Arthur Kennedy) acostumado a resolver as coisas na truculência (bem ao estilo John Wayne, um tipo que não se aplica mais aos dias atuais) acha que Katie foi à autora do assassinato do marido, e pra complicar as coisas acaba indiciando George e Edna como cumplices, e se você achava que a coisa não podia piorar, o tal sargento ainda acha heroína na casa de Katie, o que confirma ainda mais as suspeitas que a mesma agora sob efeito de drogas tenha cometido o crime.
E partir dai a narrativa da história se concentra no casal formado por George e Edna tentarem provar à inocência de Katie, e em meio a isso descobrirem que algum mal maior atormenta aquele condado com mortos levantando de suas tumbas, e pra complicar e muito a vida dos 2, o tal sargento vai permanecer no encalço deles por todo o filme, na verdade o personagem de Arthur Kennedy é o contraponto da história, e podemos enxergar ai uma situação cultural na época, um velho e truculento oficial da policia acostumado a impor a ordem e o cumprimento da lei em seu condado sob qualquer circunstancia, e ele vai fazer a lei ser cumprida nem que seja para agir sob as ultimas consequências, e isso inclui até matar um cidadão a balas sem sequer ter provas concretas de um crime (ainda que o cometimento de um crime não seja sequer motivo para esse alguém ser assassinado, pelo menos pelas leis de nosso país), o tamanho censo de rigidez do sargento fica nítido em cenas onde o mesmo parte para a agressão e embate principalmente com George, onde fica claro o desprezo ao jovem, criticado pelas vestimentas que utiliza (modismos dos jovens ingleses nos anos 70) e taxado constantemente junto a Edna como drogados, satanistas e praticantes do sexo desregrado (clichês clássicos na época para classificar os jovens).  

Ainda que esse tipo de personagem (policial velho e durão) seria muito habitual em filmes dessa época, fica claro um tom de crítica por parte do diretor espanhol Jorge Grau em uma das cenas onde um chefe do depto. De policia fala ao sargento:
- Não aprovo o seu método sargento, a policia não devia usar violência.
E é retrucado fervorosamente falando que se a policia em geral tivesse pulso firme com esses marginais as coisas não estariam hoje como estão.
O casal central formado pelos atores Ray Lovelack (George) e Cristina Galbo (Edna) também se mostra convincente na maior parte da trama fazendo com que o espectador mergulhe mais na história.

Zumbis e radiação:

Outro ponto bastante original em ‘Zumbi 3’ é o fato de a origem dos zumbis não partirem de nenhum vírus ou doença e sim da radiação exposta por uma maquina pesticida (a mesma citada no inicio do texto), tal fato também serve como uma critica do filme as tecnologias desenfreadas que surgiam na época sem os devidos testes em seres- humanos.


18 nomes diferentes para um mesmo filme:

Pois é, a maior curiosidade a cerca deste longa é o seu infame histórico de ter carregado cerca de 18 nomes diferentes em todo o seu histórico entre exibições nos cinemas, grindhouses (seções duplas nos EUA) e em diversos países pelos anos 70 e lançamentos em VHS e posteriormente DVD, dentre os títulos mais conhecidos pelos seus cultuadores  estão:
- EUA: Let sleeping corpses lie  
- Italia: non si deve profanare il sonno dei morti
- Inglaterra: the living dead at Manchester morgue
Quanto ao titulo veiculado na Inglaterra nos anos 70 (traduzindo: os mortos vivem no necrotério de Manchester) foi pura jogada comercial, pois em momento nenhum a história sequer passa pela cidade de Manchester, sendo apenas citada por um medico em dado momento do longa, muito embora dado à fama na época, o titulo foi inclusive recentemente lançado em  blue ray no reino unido como: the living dead at manchester morgue.


Porque o titulo: ‘zumbi 3’ no brasil?
Na verdade não achei até hoje dados certos sobre essa cretinice de batizar esse filme no brasil como Zumbi 3 porem não fica difícil de se imaginar, pintou em algumas salas de cinema nos anos 70 porem ficou conhecido assim como tantas outras obras, na popularização do VHS que se deu no meio dos anos 80, quando a distribuidora ‘poderosa video’ (uma das pioneiras em lançamento de títulos em VHS no Brasil) comprou os direitos de lançamento no Brasil certamente usou o artificio de atrelar a obra a outros tantos filmes de zumbis que foram lançados na época, principalmente as obras de George Romero e Zombie de Lucio Fulci também batizado de zumbi 2 no Brasil e tantos outros países.


Zumbi 3 ou o titulo que você prefira chamar dentre tantos existentes, trata-se de uma obra interessantíssima e que além de excelente exploitation serve de referência até hoje para excelentes diretores como Edgar Wright do também infame: tá todo mundo quase morto de 2004 além de clássico do seu gênero.

Observação quanto ao final do filme (se não assistiu e pretende assistir não leia: embora o desfecho da história não seja dos mais convencionais, já que os mocinhos da história acabam mortos, inclusive George de forma pifia na mão do sargento, o final guarda um dos momentos mais hilários da história, quando o durão sargento abate e balas de fogo George, e ao chutar seu corpo de frente fala em tom de ironia: queria que os mortos voltassem a vida só para poder te matar de novo, minutos depois, de forma obviamente ironica o sargento é morto em um hotel pelo mesmo George desta vez como um zumbi, certamente foi a forma encontrada pelo diretor espanhol Jorge Grau, de o truculento sargento ter o seu troco por toda a maldade e injustiça que cometeu durante todo o filme.   


zumbi 3 (let sleeping corpses lie / living dead at manchester morgue
ano: 1974
diretor: Jorge Grau
elenco:
Ray Lovelock 
Cristina Galbo
Arthur Kennedy
Aldo Massasso
Giorgio Trestini
Roberto Posse
José Lifante
Jeannine Mestre
Gengher Gatti
Fernando Hilbeck
Vera Drudi
Vicente Vega
Francisco Sanz

duração: 91 minutos

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