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segunda-feira, 8 de abril de 2013

GRINDHOUSE (2007) (PLANETA TERROR / A PROVA DE MORTE)

Para dar preludio ao projeto grindhouse, parceria dos cineastas e amigos pessoais Robert Rodrigues e quentim Tarantino é necessário (ou também posso dizer aqueles que já sabem do que direi a respeito que nunca é demais) a explicação de que o titulo do filme trata-se do nome dado ás antigas salas de cinema de origem americana (e que não existiram no Brasil) especializadas na projeção de alguns títulos não tão convencionais, basicamente os indivíduos que se propunham a frequentar as tais grindhouses assistiam a sessões duplas de filmes pitorescos, em sua grandiosa maioria os filmes já com um roteiro predefinido a ser seguido e sempre tratavam de cenas bizarras de ação, sexo, diálogos pouco inventivos, enfim tosqueira pura e barata que em sua maioria eram filmes de origem europeia ou asiática filmados em câmeras super 8 e dublada horrivelmente em inglês e ainda por cima cheia de cortes escancarados, ainda assim as grindhouses dispunham de freqüentadores assíduos e fieis que não perdiam as tosqueiras ali disponibilizadas por nada, Quentin Tarantino, fã assumidíssimo do gênero (o que pode ser notado nas influencias de projeções a La grindhouse que o cineasta usou em kill Bill) convidou seu amigo também cineasta Robert Rodrigues para darem inicio a empreitada, o resultado pode ser conferido na produção do nome idêntico disponível em um bom DVD lançado por aqui.
 
Seguindo o ritmo das projeções exibidas nas grindhouses originais os cineastas gravaram seus filmes exatamente fieis as projeções da época, ou seja: imagem com falhas repugnantes semelhante á qualidade super 8 e forçando a barra um technicolor,  roteiros com historias a caráter, e claro com os relevantes cortes feitos de forma escancarada (algo estupidamente coerente se tratando do contexto que os cineastas se propuseram a realizar).
Para poder realizar uma avaliação coerente comentarei a seguir os 2 filmes do projeto grindhouse na ordem do planeta terror (planet terror) de Robert Rodrigues seguido pelo a prova de morte (death proof) do Quentin Tarantino fielmente como a projeção foi exibida nos cinemas norte americanos (porque aqui tivemos de assistir grindhouse adivinhem a novidade? Direto no DVD...), lembrando que as duas projeções fazem parte de um mesmo projeto, portanto o mesmo filme, incluindo os trailer dos cineastas convidados.

Planet terror

Robert Rodrigues é bem de longe um diretor que eu admiro, acredito que por vezes suas obras são apenas simpáticas e previsíveis, muito pouco pra quem teve um boon no cinema norte americano com o excelente el mariachi, e é de se surpreender o quanto sobrou talento ao diretor em um projeto que, diga-se de passagem, não passa de algo feito por puro hobbie como é o caseiro planeta terror.

A obra que funciona como homenagem dentro do projeto grindhouse aos espalhafatosos filmes B de zumbis e extraterrestres produzidos por Roger corman e Cia. Nos anos 60 e 70 funciona muito bem dentro do contexto explorado, o roteiro é bem previsível, ainda assim o ritmo com o qual foi filmado e os atores escalados para a projeção como o protagonista quase desconhecido Freddy Rodrigues que desempenha um papel simples, mas que vai ficando fundamental ao longo da trama, assim como a sexy Rose Mcgowan que sem jamais parecer engraçada acaba concentrando a maior parte das cenas bem humoradas do longa.

O eterno kyle reese de o exterminador do futuro, Sir Michael bien, também é ressuscitado pelo inventivo Robert Rodrigues em um papel que ousaria falar que é o melhor do ator nos últimos anos, falando de elenco, planet terror conta com as participações especiais do multiastro Bruce Willis em um papel não muito relevante, (ainda assim é interessante ver Willis se sujeitando a algo deste timbre, o que mostra grande personalidade do ator) alem dos bons atores Josh broolin em um papel divertidíssimo de um médico traído pela esposa por uma outra mulher e o bom ator Naveen Andrews (que encena o valente sayd na serie lost) em um pequeno papel, planet terror acerta em cheio se mostrar cheio de surpresas e manter uma mistura de clima sombrio e bem humorado no ar, acredito que o grande furo de planet terror é quando o filme sofre um considerável corte entre cena de sexo bem humorada entre os protagonistas Freddy Rodrigues e rose mcgowan, e continua já em um nível elevado onde diversas situações já transcorreram (avaliando acredito que devem ter sido cortados de 15 a 20 minutos de projeção) ainda assim isto é plausível em se tratando do contexto de que o filme é uma homenagem a um grindhouse e os mesmos tinham cortes absurdos nas projeções, de resto planet terror funciona muito bem, com personagens cativantes e uma historia que se encaixa muito bem, é um longa que deve ser encarado dentro do seu gênero, sendo assim seu censo de humor afiadíssimo e sem noção nenhuma de ética alem das limitações técnicas (premeditadas), só o tornam mais atrativo e interessante.

A prova de morte (Death proof)

Como já citado, grindhouse trata-se de um projeto caseiro de pontapé inicial do saudoso quentim Tarantino, e como de praxe o cineasta tem grande contribuição nos 2 longas do projeto, death proof trata-se da sua obra dentro de grindhouse, e é com grande frustração que vou falar desta segunda parte da obra.

Tarantino como já é do conhecimento de quem o acompanha tornou-se um ícone nos últimos anos devido ao seu inovador estilo de filmar tronando-se um diretor do primeiro escalão de Hollywood assim como criando uma legião gigantesca de fãs no mundo todo, o grande problema é que Tarantino acreditou tanto que era acima da média que acabou por deixar a inovação de lado e vem tropeçando nas próprias pernas em seus últimos projetos, isto ficou muito explicito em Jack Brown, mais recentemente kill Bill volume 2, e agora com menos alarde devido ás proporções Do projeto, mas de reprovação até maior, e preocupação para os fãs do cineasta, death proof a homenagem de Tarantino aos grindhouses trilha um caminho parecido com o de Rodrigues em planet terror, tem uma historia interessante e um cenário muito bom, porem os excessos de Tarantino aliados a uma péssima escolha de elenco tornam a parte de Tarantino em grindhouse totalmente desinteressante.

A começar do roteiro, como de praxe, Tarantino segue o seu habitual ritmo explorando ao Maximo o dialogo e as intimidades dos personagens, no caso as três garotas que seguem para uma viagem ao Texas, a começar daí o espectador já deixa de criar qualquer simpatia pelas garotas devido aos ridículos diálogos que não geram qualquer tipo de aproximação com as personagens, ao contrario, de tão repugnante já se cria de cara uma antipatia pelas personas citadas, alem de tudo o filme demora muito para criar um nexo a historia, e a única coisa que se percebe é que existe uma pessoa em um chevy nova SS 1971 preto que vem perseguindo as mesmas. logo se percebe que o suspeito vilão da historia trata-se do experiente ator Kurt Russel que mais tarde se revelara realmente um grande vilão, alias já se pode adiantar que o personagem de Kurt Russel é o grande atrativo do longa, roubando a cena como o perturbado Stuntman Mike Mckav (o que salva o longa de Tarantino de um fiasco total), o filme segue em um típico bar texano onde as garotas vão para comemorar o fim de semana juntas, esta sequencia do bar que dura quase 1 hora também é extremamente cansativa, e novamente quem agrega um pouco de valor neste período do longa é Kurt Russel com seu perturbado interprete que interage com as ás pessoas do bar inclusive as garotas de sua estranha maneira, a pergunta constante que fica é: do que se trata este cara, é um doente mental ou apenas procura sexo em uma noite vaga, em se tratando da picante cena do ator com a voluptosa atriz Vanessa Ferlito, e o interesse da personagem de rose mcgowan em Stuntman (Russel), inclusive nesta mesma sequencia acredito que a 2º opção seria muito simples de ser realizada.

Porem para o azar das mulheres envolvidas na trama a 1º opção se concretiza e da carona que o personagem oferece para a personagem de mcgowan para alguns minutos depois o que pode se constatar é um insano digno dos piores psicopatas do cinema, inclusive a cena em que o personagem de Russel bate de frente violentamente no carro das garotas trata-se de uma carnificina das mais aterradoras que eu já vi, a estratégia do cineasta em mostrar 4 tomadas com a morte das 4 garotas também foi de total maestria, esse é sem duvida o grande ponto alto deste fraco longa de Tarantino.

Após este fato, somos apresentados a segunda e árdua fase de death proof onde nos damos conta que 14 meses após o acidente o demente Stuntman Mike Mckav retorna a desfilar com seu velho chevy, e logo somos apresentados a suas novas vitimas que se tratam de garotas muito semelhantes ás anteriores com uma diferença: suas conversas tem um nível de feminismo que irritaria até Gandhi, e pra piorar a situação acompanhamos a fútil jornada das moças durante mais de 1 hora, sendo que Tarantino em mais um dos seus exemplos de excentricidade realiza uma tomada de mais de 15 minutos onde as moças tomam café e conversam em uma lanchonete, eu sinceramente quase rezei para que o personagem de Kurt Russel aparecesse no local e matasse todas a facadas, mas isto obviamente não ocorre e temos de agüentar isto e mais outras futilidades tolas até que as garotas alcançam o objetivo de passear em um dodge challenger 1970, daí o filme volta a ficar interessante, pois o sádico Mike passa a persegui-las, justamente quando uma das garotas resolve brincar em cima do capo do carro em movimento (sim, é isso mesmo), esta cena de perseguição concede um fôlego extra ao longa, porem a tensão torna-se obsoleta quando as mesmas como em um passe de mágica sacam uma arma de fogo (a pergunta é porque deixaram pra fazer isso depois de tanto sofrerem nas mãos do vilão?) e passam a perseguir o mesmo virando completamente o jogo, também é de se espantar que o personagem de Russel que se mostre loucamente insano a ponto de bater seu carro de frente a outro com o único intuito de tirar a vida das pessoas do carro, tenha tanto medo de enfrentar a essas garotas atuais após as mesmas revelarem apenas ter uma arma de fogo, a partir daí fica obvio que é questão de tempo para que o clichê básico ocorra: as garotas capturem o vilão e o matem, o que se concretiza em uma estúpida e desnecessária cena.


Enfim, ‘planeta terror’ de longe se mostra muito mais eficiente do que seu companheiro ‘a prova de morte’ devido ao simples fato de que Rodrigues segue-se fiel às necessidades do longa e direciona-o para um caminho plausível, já ‘a prova de morte’ peca exatamente pelo frequente erro de Tarantino que persiste a anos impor seu modista estilo, o que de longe se mostra muito distante de um grindhouse original já que qualquer produtor da época queimaria mais de 90% dos diálogos realizados no longa,o que o tornaria obsoleto já que a base de ‘a prova de morte’ é construído por diálogos, outro ponto que põe ‘planeta terror’ em um nível muito acima de ‘a prova de morte’ é a aparente escolha do elenco, Robert Rodrigues soube aproveitar muito bem seu roteiro enriquecendo a historia de personagens, e se estes se mostram tão relevantes a ponto de criarmos intimidade e carisma pelo simpático El Wray, o mesmo jamais funciona em se tratando dos personagens criados por Tarantino em death proof, como já citado o único que consegue despertar qualquer interesse do publico é Kurt Russel, que ainda assim em mais uma furada de Tarantino termina o longa como um estúpido retardado cuja toda admiração conquistada ao longo da projeção vai por água abaixo.
Mesmo com as aparentes diferenças técnicas o conjunto de grindhouse merece ser conferido, fica aqui minha torcida pessoal para que o trailer de Thanksgiving criado por Eli Roth e que antecipa a Planeta Terror possa se tornar realidade, quanto a Tarantino, excelente idéia a criação de grindhouse, mas fica a sugestão que em uma provável sequencia o cineasta limite-se a realizar apenas um trailer e deixe a cadeira de cineasta para Eli Roth ou Edgar Wright.

Grindhouse (2007)

Planeta Terror:
Diretor: Robert Rodriguez
Elenco: Freddy Rodríguez, Rose McGowan, Marley Shelton, Josh Brolin, Michael Biehn, Naveen Andrews, Michael Parks, Jerili Romeo
Produção: Elizabeth Avellan, Quentin Tarantino, Robert Rodriguez
Roteiro: Robert Rodriguez
Fotografia: Robert Rodriguez
Trilha Sonora: Graeme Revell, Carl Thiel
Duração: 105 min.
Ano: 2007
País: EUA
Gênero: Ação
Cor: Colorido
Distribuidora: Não definida
Estúdio: Dimension Films
Classificação: 18 anos
A prova de morte
Diretor: Quentin Tarantino
Elenco: Kurt Russell, Zoe Bell, Rosario Dawson, Vanessa Ferlito, Sydney Tamiia Poitier, Tracie Thoms, Rose McGowan, Jordan Ladd, Mary Elizabeth Winstead, Quentin Tarantino, Marcy Harriell, Eli Roth, Omar Doom, Michael Bacall, Monica Staggs, Jonathan Loughran, Marta Mendoza, Tim Murphy, Melissa Arcaro, Michael Parks, James Parks, Marley Shelton, Nicky Katt, Electra Avellan, Elise Avellan, Helen Kim, Tina Rodriguez, Eurlyne Epper, Jamie L. Dunno
Produção: Elizabeth Avellan, Robert Rodriguez, Erica Steinberg, Quentin Tarantino
Roteiro: Quentin Tarantino
Fotografia: Quentin Tarantino
Trilha Sonora: Jack Nitzsche
Duração: 114 min.
Ano: 2007
País: EUA
Gênero: Ação
Cor: Colorido
Distribuidora: PlayArte
Estúdio: Dimension Films / Troublemaker Studios / The Weinstein Company / Rodriguez International Pictures
Classificação: 16 anos

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